Mostrando postagens com marcador filosofia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador filosofia. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Novo estudo mostra que o tempo pode ir para qualquer direção – inclusive para trás


A compreensão do que realmente é o tempo é uma das grandes questões em aberto da física, e tem intrigado os filósofos ao longo da história. O que ele é? Por que ele parece ter uma direção? O conceito que o define é a “flecha do tempo”, o qual é usado para indicar que o tempo é assimétrico – embora a maioria das leis do universo sejam perfeitamente simétricas.

Uma possível explicação para isso foi recentemente apresentada. O físico Sean Carroll, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (CalTech), e o cosmólogo Alan Guth, do Instituto de Tecnologia de Massashussets (MIT), ambos nos EUA, criaram uma simulação que mostra que as setas podem surgir naturalmente de um sistema perfeitamente simétrico de equações.

A seta do tempo vem da observação de que o tempo de fato parece passar por nós e que a sua direção é consistente com o aumento da entropia do universo. A entropia é a medida da desordem do mundo; um ovo intacto tem menos entropia do que um quebrado, e se vemos um ovo quebrado, sabemos que ele costumava ser inteiro. A nossa experiência nos diz que os ovos quebrados não ficam inteiros de volta, que os cubos de gelo derretem, e que arrumar um quarto requer muito mais energia do que deixá-lo bagunçado.

Para qualquer lado

A obra de Carroll e Guth ainda é inédita, mas eles a discutem em profundidade na revista científica New Scientist. Sua simulação inclui um grande número de partículas que interagem sob a gravidade e que estão se movendo em direções aleatórias. Algumas partículas juntam-se naturalmente em um grupo, uma área de baixa entropia e, em seguida, se separam e expandem em um sentido de tempo específico. Surpreendentemente espelhando todo o sistema, a entropia ainda aumenta, o que demonstra que ambas as direções de tempo são uma solução viável.

Esta não é a primeira vez que algo assim tenha sido proposto. Em 2014, um grupo internacional de físicos desenvolveu um modelo simples que mostra que você pode ter leis simétricas da física e uma única flecha “aparente”. Seus resultados foram publicados na revista Physical Review Letters. Eles observaram que existe uma flecha do tempo, mas apenas do ponto de vista das partículas no sistema – para um observador externo, não havia nenhuma orientação especial.

O que os cientistas anunciaram vai ser definitivamente muito debatido assim que a pesquisa for publicada. O modelo oferece ideias intrigantes, mas não nos leva mais perto de responder o que é o tempo; se faz alguma coisa, ele aumenta as perguntas que temos sobre a sua natureza e complexidade. Nesta situação, é sempre bom lembrar da interpretação do escritor Douglas Adams: “O tempo é uma ilusão, o horário de almoço é uma ilusão em dobro”. [I Fucking Love Science]
Hypescience

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Desafio: Seu raciocínio é rápido? Responda tudo isso em menos de 10 segundos


A todo instante nós somos bombardeados com informações. Para que nosso cérebro não entre em colapso com a vasta gama de dados que recebemos nós focalizamos e selecionamos estímulos, estabelecendo relação entre eles.
Isso é a chamada concentração ou atenção. Algumas pessoas possuem um maior grau de concentração.  Isso acontece porque esses indivíduos conseguem selecionar e processar diversos estímulos com rapidez e precisão. Essas são as pessoas que geralmente têm uma maior facilidade com os famosos e populares testes de raciocínio lógico. Raciocínio Lógico é nada mais do que fatores que levam uma pessoa a fazer uma rápida relação entre objetos. O conhecimento lógico é algo que não se pode ensinar de forma direta.
No entanto, é algo que se vai desenvolvendo à medida que a pessoa interage e se familiariza com o meio avaliado. A seguir você poderá fazer um teste para saber se seu raciocínio é rápido. Claro, o teste não é uma verdade absoluta. Entretanto, nós o disponibilizamos para você desafiar a sua mente e quem sabe, descobrir o gênio que há dentro de você.

Link par ao teste: http://imagens.mdig.com.br/concentra.swf
Fonte: Fatos Desconhecidos.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

15 coisas que você precisa saber sobre pensamento positivo


Apontado como um dos desencadeadores do bem-estar psicológico, pensar positivamente pode ser uma prática de todos os dias

“Pensar positivo” é o conselho geral para superar qualquer dificuldade. Mas, afinal, o que é ser positivo? “Uma pessoa positiva é aquela que é confiante na vida”, resume Maria Teresa Guimarães, life coaching. Mas há uma grande diferença entre ser positivo e ser idealista. As pessoas positivas são realistas. “O pensamento positivo saudável gera pensamentos e atitudes que vão refletir na vida. Por exemplo, para passar no vestibular, a pessoa se motiva para estudar”, comenta o terapeuta e instrutor de ioga Fabio Mocci Camargos.

1. Ser positivo também é uma questão de escolha. Portanto, saiba que a iniciativa tem que vir de você. “As pessoas positivas são mais racionais”, diz o coach André Lado Cruz.

2. A atitude positiva pode ser treinada. Uma boa maneira de praticá-la é meditar diariamente, mesmo que por pouco tempo. A meditação consiste em observar os próprios pensamentos. “Se o pensamento não é o que você quer, finja que ele é uma nuvem e deixe-o passar”, diz Teresa Guimarães.

3. As pessoas positivas não são imediatistas. Elas conseguem analisar uma situação e enxergar adiante. Por isso, André Lado Cruz ensina que uma maneira de ser positivo é pensar a longo prazo. Lembre-se que o futuro é produzido no presente e o que não está tão bom agora pode se tornar melhor se cultivado com positividade. “Ter um objetivo faz com que o peso do caminho seja suportável”, completa.

4. Ver fotos de animais e coisas fofas pode ter um impacto benéfico maior do que você imagina. Uma pesquisa de 2012 desenvolvida pela Universidade de Leicester mostrou que olhar imagens de filhotes fofos aumenta a concentração, fazendo com que o desempenho em atividades cotidianas melhore. Com mais foco, é possível encontrar soluções racionais e lógicas para os problemas que aparecem.

Ver fotos de animais fofinhos tem impacto positivo, segundo pesquisa

5. A música traz muitos benefícios. Entre eles, a capacidade de liberar o estresse e cultivar o modo de expressão pessoal. Que tal aprender a assoviar aquela sua música favorita?

6. Ria e sorria! Pensar positivo é uma questão de treino. Para isso, tente sempre emanar positividade. Se parecer algo muito difícil, a coach Teresa sugere uma técnica. “Quando estiver se sentindo carregado, feche os olhos e abra um sorriso. Ou, então, mostre os dentes para o espelho. Percebeu que algo dentro de você ficou mais leve?”. Nós testamos e percebemos.

7. Avalie todos os lados de uma situação. Terminou com o parceiro ou brigou com a amiga? Talvez seja hora de rever quais pessoas são necessárias na sua vida. “A pessoa positiva tem uma atitude racional diante da vida. No fundo, como acredita que tudo é bom, ela foca no lado afirmativo das oportunidades que a vida oferece”, conta Teresa.

8. Cultive relacionamentos enriquecedores com pessoas edificantes. Também não tenha receio de cortar aquelas pessoas que fazem mal do seu convívio. “Somos estações receptoras e transmissoras. Têm pessoas que exalam coisas boas e nos fazem querer ficar perto. Por outro lado, tem gente que você mal senta perto e já quer sair. Cultivar a relação com quem nos faz bem é necessário para a saúde mental”, explica a life coach.

9. Desconectar-se um pouco dos problemas é importante para manter uma atitude positiva. Desligue o computador ou a televisão e vá dar uma volta no quarteirão, apreciando os sons ao redor. “É difícil ser positivo em um mundo em que somos bombardeados com informações negativas”, comenta Teresa.

10. Cuidado com o ambiente que você cria, tanto para seus amigos quanto para a sua família. O terapeuta Fábio Mocci explica que o ambiente influencia a maneira como a pessoa encara a vida, principalmente a forma de criação. “O contexto familiar em que você está envolvido pesa muito. Se a pessoa tem pais opressores, pode se tornar uma pessimista”. Por isso, perceba se seu pessimismo é “herdado” e livre-se dele. E procure sempre criar um ambiente harmonioso ao seu redor.

11. Diga ‘sim’ para novas oportunidades. Seja uma pessoa mais aberta aos acontecimentos não planejados. Muitas coisas boas podem vir de lugares que você nem esperava e mergulhar no desconhecido costuma expandir suas visões de mundo.

O pensamento positivo deve ser cultivado todos os dias
12. Não tome decisões em situações de emoção extrema, seja de raiva ou felicidade. Na euforia, muitas vezes dizemos coisas que podemos nos arrepender depois, o que acaba criando uma situação desconfortável para todos. Uma pessoa positiva é, antes de tudo, racional e consciente de suas próprias ações. Na dúvida, clareie a mente, respire fundo e conte até 10.

13. Preste atenção não só ao que você fala, mas em como fala. Uma técnica interessante é sempre se questionar a quem a informação trará benefício. “Não adianta querer ser positivo se ficar falando mal dos outros”, exemplifica André.

14. Gaste seu tempo com experiências em vez de bens. O aprendizado das vivências é significativo para o resto da vida. “Um dos benefícios é sentir-se bem. Cada pensamento e ação produz uma descarga bioquímica que faz as pessoas experimentarem sensações diferentes a cada nova experiência”, conta Teresa Guimarães.

15. Faça uma limpeza interna. Não guardar mágoas e perdoar falhas são maneiras de começar esse processo. “A ‘ecologia interna’ faz com que haja uma reciclagem dos pensamentos ruins, e os reelabora internamente para devolver para o ambiente de maneira mais suave, mais agradável e condizente com a nossa identidade”, diz a coach.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

O Fantástico Mundo de "Alice"


Por Leonardo Campos*
Alice no país das Maravilhas é um dos maiores clássicos da literatura fantástica. O livro, que de início parece uma simples história, ganha maiores contornos discursivos ao longo dos seus treze capítulos. No romance, uma menina chamada Alice cai em uma toca de coelho e vai parar num local fantástico habitado por diversas criaturas igualmente fantásticas.
Há inúmeras interpretações para o livro. Uma delas é que a obra representa a passagem tempestuosa entre a infância e a adolescência, cheia de situações inesperadas. A história é também um dos maiores clássicos do gênero nonsense, uma expressão de língua inglesa que denota situações sem nexo, perturbadoras e sem sentido.


Ilustração da obra "Alice no país das maravilhas"
Ao longo da história da literatura mundial, muitos escritores criaram histórias fantásticas, e consequentemente, personagens também, estes, repletos de simbologia, que ganharam força com passar dos anos, cristalizados no imaginário mundial através da comunicação entre a literatura e outras linguagens, principalmente o cinema. É uma das obras da literatura de língua inglesa com maior número de traduções intersemióticas, ficando atrás apenas dos clássicos universais de William Shakespeare e da obra romântica da escritora Jane Austen.
A história de Alice foi criada em 1862, quando Lewis Carrol (pseudônimo de Charles Lutwidge Dodgson) realizou um passeio pelo rio Tâmisa com a sua grande amiga Alice Liddell, acompanhada de suas duas irmãs. Durante o percurso, através dos diálogos e histórias fantásticas narradas para matar o tempo, a pequena Alice solicitou ao escritor que escrevesse um conto. A obra ganhou sucesso na época, e por ter o aval de representantes da literatura, como o escritor Oscar Wilde, e da política, como a Rainha Vitória, a história de Alice foi traduzida para mais de cinquenta línguas, ganhando o mundo e influenciando diversos escritores na posteridade, entre eles, os brasileiros Guimarães Rosa, Maria Clara Machado e Monteiro Lobato. O argentino Jorge Luis Borges também, num trecho que será mais bem explicitado na próxima parte deste especial.

Alice Liddel, inspiração para Lewis Carroll escrever
a fantástica história em 1862
Apesar de parecer uma simples história, Alice no país das Maravilhasé uma obra extremamente profunda, inquietante, fantástica e que talvez tenha se tornado tão popular devido a simplificação e filtros que a linguagem cinematográfica adotou em todas as transposições realizadas. Alice no país das maravilhas traz ilustrações de Edward Lear, famoso ilustrador, pintor e escritor inglês, na época, prestador de diversos serviços para a Rainha Vitória.

Percebemos as influências da literatura fantástica ao passear pelaMenina de lá, de Guimarães Rosa, pela simpatia e felicidade irradiadas por Pollyana, de Eleanor Potter, por Dorothy no clássico O Mágico de Oz e muitos outros exemplares da literatura mundial. Vale lembrar que não associo aqui as influências de Lewis Carroll como únicas para os autores acima citados. Este especial não pretende ser categórico, evitando equívocos de interpretação, visando dialogar com os temas e discussões acerca da literatura fantástica, estilo literário que está diretamente ligado a todas as obras literárias aqui citadas.As viagens da literatura fantástica

Edgar Allan Poe (esq.) e Machado de Assis (dir.),
escritores famosos da literatura inglesa e brasileira
Sabe-se que o alemão Hoffman e o americano Edgar Allan Poe são dois grandes escritores clássicos da literatura fantástica. Temos outros grandes exemplares em nossa literatura, basta lembrar, por exemplo, de Carlos Drummond de Andrade (Flor, telefone, moça), nos contos Mariana e O espelho, do mestre Machado de Assis, entre outros.
Segundo Todorov, o fantástico é a hesitação experimentada por um ser que só conhece as leis naturais, face a um acontecimento aparentemente sobrenatural. Discute-se que um dos fins da narrativa de cunho fantástico é mostrar a irrealidade da realidade, partindo da pressuposição de que tudo que não traga marca do real e do verossímil aborrece os leitores contemporâneos. Mas será que era assim na época da criação do mundo fantástico de Alice?
Como citado na introdução deste especial, Alice no país das maravilhas é uma história do sonho da personagem Alice, repleta de significados ocultos que foram ganhando forma e sendo dissecados ao longo do tempo.
O fantástico mundo de Alice...

Lewis Carrol
Os acontecimentos fantásticos iniciam-se da seguinte forma:
Alice estava começando a se cansar de ficar sentada ao lado de sua irmã, sem nada para fazer, à beira do riacho. Por uma ou duas vezes tinha sido dado uma olhadela no livro que sua irmã estava lendo, mas ali não havia gravuras nem conversas. Então, Alice pensou consigo mesma:
- E para que serve um livro sem gravuras nem conversas?
A literatura de Carroll representa o que conhecemos como realismo mágico: o que é fantástico e irreal funde-se com o concreto. Em torno do espaço onírico no qual a personagem Alice vive as mais absurdas e fantásticas aventuras, encontram-se animais personificados e objetos como baralhos em forma humana. Se tomarmos as idéias de Todorov e destrinchá-las, perceberemos que os acontecimentos de Alice são aceitáveis a partir do momento que percebemos o contexto em que as mesmas se encontram. Repare neste outro trecho do livro:
Mas quando viu o Coelho tirar um relógio de bolso do colete, olhar as horas, e apressar o passo, Alice deu um pulo, pois passou pela sua cabeça que nunca na vida tinha visto um coelho vestindo um colete, muito menos usando um relógio, e, morta de curiosidade, saiu correndo pelo campo atrás dele e chegou bem a tempo de vê-lo se enfiar apressadamente dentro de uma toca enorme embaixo de uma cerca.

Outros aspectos da obra de Lewis Carroll
Existem vários diálogos entre a obra de Lewis Carroll e alguns contos do argentino Jorge Luis Borges, com Sul, As Ruínas e O Jardim de Caminhos que se Bifurcam. Borges aproveita a narrativa literária fantástica para fazer criticas políticas, assim como o fez Lewis Carroll em Alice no país das maravilhas, como há de se ver neste trecho:
O argumento da Rainha era que se nada fosse feito logo para resolver aquela situação, ela ia mandar cortar a cabeça de todo mundo. (E foi essa última observação que provocou ansiedade e preocupação entre os presentes).

As imagens de labirinto são comuns a Borges. “As metáforas do tempo, do espelho e do labirinto ajudam no decifrar de alguns textos de Borges”, como cita Dorine Cerqueira no artigo "Jorge Luis Borges e a literatura fantástica". Segundo a mesma, ele ainda recria o mundo por meio da multiplicação linguística, que produz uma magia da linguagem. Não seria o mesmo que Lewis Carroll faz no mundo fantástico de Alice?

Mulheres vitorianas: imagem anônima ligada ao período aqui estudado
Segundo fontes da pesquisa para este trabalho, Lewis Carroll critica a política vitoriana do período através de passagens como essa, que mostram a rainha do mundo maravilhoso visitado de Alice, como uma louca decidida a decapitar todos aqueles que não seguissem as suas ordens. Mesmo que não haja verossimilhança com os acontecimentos da época da criação do livro, o fato de criticar ocultamente o reino inglês já fazia de Lewis Carroll um literato diferenciado de outros escritores da sua época. As ligações entre literatura e cinema estão muito claras na obra de Lewis Carroll, como este trecho:
Uma grande roseira crescia perto da entrada do jardim. As rosas eram brancas, mas três jardineiros estavam muito ocupados pintando-as de vermelho. Alice achou isso muito interessante chegou mais perto para observá-los.

Alice no país das Maravilhas e a literatura brasileira

Uma das edições da clássica história de
Lewis Carroll
Durante a leitura de Alice no país das Maravilhas, deparei-me com uma série de conclusões sobre as ligações da narrativa fantástica de Lewis Carroll com outros textos já lidos anteriormente. A mais óbvia delas foi à ligação com os personagens de Monteiro Lobato e o seu Sítio do pica-pau amarelo, clássico da nossa literatura infanto-juvenil. Percebi duas ligações pertinentes entre os personagens dos contos de Guimarães Rosa e o universo de Lewis Carroll: A menina de lá e As margens da alegria. Nininha, personagem do belíssimo conto A menina de lá, possui características fantásticas e a necessidade de ir para um mundo distante, numa história repleta de milagres. Influenciado ou não por Lewis Carroll, Guimarães cria uma personagem frágil e ao mesmo tempo brilhante, com pinceladas de narrativa fantástica no decorrer do conto, que faz parte do livro Primeiras estórias.
A proximidade maior talvez esteja no conto As margens da alegria. O conto é narrado em terceira pessoa e num tom lírico e reflexivo, mostra a primeira viagem de um menino, a descoberta do mundo: a crueldade emoldurada pela morte de um animal, o peru, a beleza e a felicidade representadas pelo vaga-lume entre outros. Nesse conto, Guimarães Rosa nos expõe a descoberta do mundo de um menino e suas experiências de dor e alegria, o caminho para a maturidade, algo vivido de forma similar pela personagem Alice.

Guimarães Rosa (esquerda) e Jorge Luis Borges (direita).
Ambos os escritores são marcos de suas respectivas
literaturas, sendo elas, a brasileira e a argentina
No conto As margens da alegria, o olhar do menino é um olhar que abarca as coisas vistas por um mundo que é descortinado a ele como num espetáculo. Em Alice, temos a mesma situação, apenas modificando o tempo de produção de ambas as obras, língua de produção e alguns aspectos sintáticos e discursivos das respectivas obras.
Para cabal entendimento das questões citadas neste tópico, indicamos a consulta dos contos de Guimarães Rosa e Jorge Luis Borges, dois excelentes escritores obrigatórios para aqueles que curtem literatura.
Uma leitura em três vias: cinema, literatura e teatro

Versão da Disney, de 1951
O primeiro ângulo a iluminar neste tópico é a versão clássica da Disney. É um filme de animação de longa-metragem, considerado um clássico, produzido pelos estúdios Disney em 1951. A produção deste filme durou cinco anos, e foi anteriormente desenvolvido durante dez anos, concorrendo ao Oscar de melhor trilha-sonora.
Em Portugal, o título mudou no relançamento para Alice no País das Fadas, mas na sua recente produção em DVD recebeu outra vez o título anterior.
Em 2008, outra adaptação ganhou o cinema: A menina no país das maravilhas, dirigido por Daniel Barnz.

Adaptação de 2008, dirigida por Daniel Barnz
O filme é um desafio: a história de Alice não é tão simplória quanto imaginávamos e trazê-la para os dias de hoje, onde o público alvo encontra-se afoito pelos sedutores vampiros da saga Crepúsculo, trata-se de tarefa de mestre. O filme funciona bem em quesitos acadêmicos, mas no que tange à demanda da indústria de entretenimento, fica em débito.
O enredo é o seguinte: Phoebe (Elle Fanning), é uma menina rejeitada pelos seus colegas de classe, que deseja mais do que tudo participar da peça de teatro da escola, "Alice no País das Maravilhas". Com o stress do dia a dia, o comportamento de Phoebe piora cada vez mais, criando uma forte pressão em seus pais Hillary (Felicity Huffman) e Peter (Bill Pullman). Ambos tentam compreender e ajudar a filha. Mas Phoebe se esconde em suas fantasias, confundindo realidade com sonho. A menina terá que encarar um duro, doloroso e emocionante processo, passando pela incrível transformação, como a de uma lagarta que se torna uma bela borboleta.
Numa narrativa desse tipo, onde o ambiente escolar serve de cenário para o desenrolar dos fatos, há espaço para abordagens paralelas como o bullying, sexualidade na infância e professores revolucionários.A Menina no País das Maravilhas é um filme um pouco longo, possui 122 minutos e ótimos atores.

A diretora Andrea Elia (esq.) e o pesquisador Leonardo
Campos (centro), acompanhados do elenco carismático
que nos forneceu a entrevista nos bastidores.
Antes de adentrar no universo da adaptação de Tim Burton, cabe aqui explicitar a outra via comentada no início deste tópico. Trata-se da adaptação de Alice para o campo teatral. Não iremos abordar a montagem estrelada pela atriz global Luana Piovanni. Aqui, iremos abordar a adaptação livre da diretora Andrea Elia, que ainda está em cartaz no Teatro Castro Alves, em Salvador, Bahia.
A peça conta a história de uma menina chamada Alice, que entediada com a repetição de fórmulas e métodos na sala de aula começa a questionar o fato do livro não ter figuras e como é importante dar asas a imaginação para que as histórias revelem as cores, cheiros e sabores de um lugar. Nessa viagem ela avista um Tatu e, no meio da confusão, ela segue o bicho e cai na sua toca até chegar ao “Sertão das maravilhas”.

Cartaz do filme "Alice no País das Maravilhas", versão
2010
Segundo a diretora Andrea Elia, em entrevista nos bastidores da peça, a montagem oscila sua percepção e suas impressões entre os conceitos de beleza e estranheza. Alice começa aos poucos a se encantar com aquele universo até então desconhecido, à medida que vai encontrando os seus personagens, conhecendo seus hábitos, expressões, musicalidade e os gostos do sertão.
Em sua mais nova versão, Alice foi para as telas dos cinemas através de Tim Burton, cultuado diretor de cinema fantástico.
Com influências óbvias do conto de terror de Edgar Allan Poe, Burton nos oferece uma narrativa visualmente perfeita mas que não acrescentou muita coisa no universo já retratado por Lewis Carroll.
Alice in Wonderland conhecido também como Tim Burton's Alice in Wonderland, é o novo filme baseado no clássico de Lewis Carroll.
A obra começou a ser rodada em maio de 2008 e estreou dia 5 de março de 2010 nos Estados Unidos.

Da esquerda para a direita, A Rainha de Copas, a Rainha Branca e o Chapeleiro Maluco


Bastidores do filme Alice: Tim Burton organizando o set de filmagens
O filme se passa 9 anos após a história original, com Alice já com 19 anos.
Tem no elenco Mia Wasikowska como Alice, Johnny Depp como o Chapeleiro Maluco, Helena Bonham Carter como a Rainha Vermelha e Anne Hathaway como a Rainha Branca, entre outros.

* Graduando em Letras Vernáculas com Habilitação em Língua Estrangeira Moderna - Inglês - UFBA | Membro do grupo de pesquisas “Da invenção à reivenção do Nordeste” – Letras – UFBA | Pesquisador na área de cinema, literatura e cultura - Colaborador do Passeiweb.com