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quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Aos esquentadinhos: uma dica infalível para não sentir mais raiva


Fila de banco, salário atrasado, conta de energia elétrica, aquela pessoa insuportável do seu trabalho ou da sua turma da faculdade, brigas por pouca coisa no Facebook... Não faltam razões para sentirmos raiva, e você deve ter outros bons exemplos de situações que fazem até a mais zen das criaturas sentir o rosto quente, o coração acelerado e uma vontade praticamente incontrolável de sair gritando pelo mundo.
Acontece que o sentimento de raiva é uma grande cilada. Por mais que a sensação seja aparentemente libertadora, os efeitos da raiva são bastante prejudiciais para a nossa saúde mental e física, e o colunista Eric Barker, da revista Time, resolveu compilar algumas dicas com base em pesquisas neurocientíficas, para que possamos lidar melhor com a raiva que sentimos.

Engolir a raiva não é uma boa ideia

Sabe aquela pessoa que está visivelmente furiosa, cuspindo fogo, mas que se esforça ao máximo para poder dizer que está tudo bem? Não seja essa pessoa. Reprimir sentimentos, mesmo os negativos, nunca é uma boa ideia, no final das contas. A explicação para isso é bastante simples: quando lutamos contra algum sentimento, seja ele qual for, ele fica mais forte.
Barker conta sobre um estudo realizado com diversos voluntários. Enquanto alguns deles foram informados de um acontecimento infeliz e, em seguida, instruídos a não ficarem tristes com isso, outros apenas foram informados sobre a tragédia. Sabe qual grupo de pessoas se sentiu pior? Aquele que foi instruído a não ficar triste.
Outro estudo envolveu pacientes que tinham crises de pânico: eles foram divididos também em dois grupos – um ouvia áudios de relaxamento e o outro, áudios com outros conteúdos que não falavam sobre relaxar. No final das contas, o grupo que ouviu os áudios de relaxamento ficou mais ansioso do que o outro grupo. A conclusão do estudo sugere que pessoas que fazem esforço para evitar a dor são as que demoram mais para, de fato, deixar de sentir a dor.
Para entender melhor, é só perceber que o que traz mais alívio não é segurar o choro, mas chorar de uma vez. O mesmo acontece com a raiva: tentar reprimir esse sentimento vai fazer com que seu cérebro faça uma confusão de sentimentos ruins.
O que é bastante curioso também nesse sentido é que algumas pesquisas comportamentais já mostraram que “engolir” a raiva não apenas faz mal à pessoa que está tentando não ter esse sentimento, mas afeta a forma como aqueles ao redor dela a enxergam. Suprimir a raiva faz com que as outras pessoas gostem menos de você.
Tudo o que falamos até aqui ainda não é suficiente? Então saiba que lutar contra seus sentimentos é algo que usa muito a sua força de vontade. Depois disso, é bem possível que você tome atitudes das quais venha a se arrepender no futuro. E aí você talvez esteja pensando que a forma ideal de lidar com o sentimento de raiva seja descarregá-la de alguma forma, certo? Errado.

Descarregar a raiva também não é uma boa ideia

Não interessa se você é do tipo que dá um milhão de socos no travesseiro ou se desconta toda a sua raiva no seu melhor amigo. Isso não é nunca uma boa ideia. Assim como a supressão do sentimento, o extravasar dele também só o deixa mais intenso.
A questão aqui tem a ver com a ideia de que extravasar é estar completamente focado em uma emoção negativa, o que, logicamente, só deixa essa emoção maior. Pois é: sentir raiva é realmente uma cilada.
O que funciona mesmo é buscar algum tipo de distração. Pense assim: seu cérebro tem recursos limitados e consegue se concentrar totalmente bem em apenas uma tarefa de cada vez. Focar sua atenção em outras coisas vai dar menos espaço para que seu cérebro fique remoendo coisas ruins. Nesse sentido, aposte em joguinhos, problemas de matemática, leituras de quadrinhos e qualquer coisa que tire a sua atenção daquilo que despertou a sua ira.
Existe um teste famoso, que avaliou a capacidade de resistência de algumas crianças. Elas ficavam em uma sala com um marshmallow, e se aguentassem ficar sem comê-lo, ganhariam outro doce como recompensa. Adivinha só? As crianças que esperaram foram as que tiveram as melhores notas na escola e mais sucesso em suas vidas adultas.
Um dos responsáveis pelo estudo, Walter Mischel, explica que as crianças que resistiram à tentação do marshmallow foram estimuladas a se distraírem. Não foi, portanto, uma resistência com base apenas em aspectos de força de vontade – pelo contrário: elas cantaram musiquinhas, fizeram caretas, brincaram com o que tinha no ambiente e resistiram ao doce simplesmente porque esqueceram que ele estava ali.
Em alguns momentos, no entanto, é difícil distrair a atenção da raiva e focar em outra coisa, especialmente se essa raiva tem a ver com outra pessoa, se ela é provocada por alguma discussão ou algo do gênero. E aí entra outra chave importante dessa questão: a reavaliação.

Reavaliação?

Exatamente. Imagine que alguém está gritando com você, apontando o dedo para a sua cara e dizendo coisas absurdas a seu respeito. O primeiro impulso, naturalmente, é reagir na defensiva, com os nervos à flor da pele.
E se essa pessoa que está gritando com você tiver acabado de perder a mãe em um acidente de carro? E se ela estiver com problemas sérios em casa, devido à doença grave do filho? Não só é possível que você sinta menos raiva dela como é até bem provável que você tenha compaixão dessa mesma pessoa.
A situação de conflito é a mesma. A pessoa é a mesma que está gritando com você e, ainda assim, sua reação diante dela pode ter mudado. O pesquisador Albert Ellis, que uma vez falou que não nos frustramos pelo que acontece, mas por causa do que acreditamos, pode explicar bem por que essa mudança ocorre.
Pesquisas nessa área chegaram à conclusão de que uma boa forma de lidar com alguém que age com agressividade é pensar: “isso não tem nada a ver comigo, essa pessoa deve estar em um dia ruim”. Barker resume essa questão de uma forma bastante interessante e lógica: “Quando você muda suas crenças com relação a uma situação, seu cérebro muda as emoções que você sente”. Se pensarmos bem, é possível usar essa lógica em outras áreas da nossa vida, e não apenas nas que têm relação com o sentimento de raiva.
Em um experimento de reavaliação, um grupo de participantes viu fotos de pessoas chorando ao lado de fora de uma igreja, o que obviamente traz a ideia de que algo triste aconteceu. Em seguida, eles foram orientados a imaginar que, na verdade, as pessoas daquela foto estavam chorando de emoção depois de acompanhar uma cerimônia de casamento. No momento em que os participantes reavaliaram a situação, as emoções que eles sentiam também mudaram.
Já que nossas emoções estão diretamente ligadas à percepção do mundo e das pessoas ao nosso redor, mudar essa percepção é uma forma de mudar nossas respostas emocionais. Essa questão da reavaliação, que nada mais é do que buscar enxergar coisas, diálogos e situações a partir de outros pontos de vista, é um exercício ótimo também para quem tem problemas relacionados à ansiedade.
Todo esse mecanismo vem sendo estudado e confirmado por cientistas comportamentais de todo o mundo. Eles já conseguiram comprovar que há mudança de atividade cerebral em indivíduos que reavaliam suas posturas diante de estímulos negativos. Por meio de exames de ressonância magnética funcional é que se consegue mapear as mudanças nas atividades cerebrais desses indivíduos.
Já se sabe, também, que pessoas que conseguem fazer esse exercício de reavaliar situações costumam ter relações mais estreitas com seus amigos, falam melhor sobre as próprias emoções e, inclusive, têm relacionamentos amorosos de melhor qualidade.
A reavaliação é comprovadamente um meio de melhorar sua força de vontade, de diminuir as chances de tomar atitudes erradas que possam provocar arrependimentos futuros e, inclusive, de se comportar de forma mais bem adequada em momentos de tensão.
A verdade é que fazemos reavaliações o tempo todo, mas geralmente na direção errada. Quando alguém age com agressividade, tendemos a pensar que essa pessoa está querendo nos atingir e, bem, na maioria das vezes, o problema não tem nada a ver conosco. Pensar dessa forma é até um pouco libertador, você não concorda?
Fonte: Fatos Desconhecidos

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Projeção Astral: Viagens fora do corpo


Não são poucas as pessoas que relataram a sensação de se desprender do corpo durante o sono. Há quem acredite que Cientistas como Kepler, Einstein e Jung também teriam vivido essa experiência

Numa madrugada há pouco mais de 20 anos, o médico urologista carioca Luiz Otávio Zahar teve a sensação de acordar no meio da academia de ginástica que costumava freqüentar. As luzes estavam apagadas e não havia ninguém usando os aparelhos de musculação nem circulando pelos corredores. O médico percorreu o espaço de um lado para o outro, sentindo-se absolutamente consciente. Mas seu passeio noturno, segundo Zahar, tinha uma peculiaridade: ele via tudo do alto, como se estivesse suspenso, flutuando.

Não foi a primeira vez que Zahar experimentou aquela sensação. Desde a adolescência, sentia-se plenamente acordado no meio de algumas noites, circulando por lugares às vezes conhecidos, às vezes não. Descobriu que alguns davam a essa curiosa experiência o nome de projeção astral, outros de experiência extracorpórea, desdobramento ou projeção da consciência. Zahar acabou por acostumar-se e aceitar alguns desses diagnósticos, mas mantinha consigo uma dúvida secreta sobre a veracidade de suas sensações e visões.

Naquela madrugada na academia, porém, Zahar resolveu pôr à prova a tese de que realmente conseguia – como tantas outras pessoas dizem conseguir – sair do corpo, manter o estado de vigília e usar os sentidos para observar coisas concretas. “Eu não deixo de ser, fora do corpo, aquele médico cartesiano que sou, que quer comprovar as coisas. Pensei: ‘tenho de fazer alguma coisa para provar a mim mesmo essa experiência’. Então vi um parafuso esquecido no alto de uma máquina de exercício. Acordei e anotei”, conta. No dia seguinte, foi até a máquina. Para ver o que havia em cima dela, precisou subir em um banco. Do chão, era impossível enxergar. “Subi e vi o parafuso lá.”

Para a ciência convencional, a idéia de que podemos sair do corpo não apenas está longe de ser provada como soa absurda. Afinal, a ciência não acredita em “espíritos”. Não aceita a idéia de uma “essência” vivendo dentro do nosso corpo – portanto, não dá nem para imaginar que seja possível um se separar do outro. Segundo o modelo científico, somos nosso corpo: nossa essência, inseparável de nós, está dentro das nossas células, em especial nas do cérebro. Está justamente no cérebro a explicação dos cientistas para esse fenômeno – e ela é bem prosaica, quase decepcionante (veja no quadro à direita).

Há quem acredite, no entanto, que o ser humano seja capaz de se desprender do corpo durante o sono, de se deslocar através de paredes, de viajar distâncias a velocidades impensáveis, de interagir com outros que estão no mesmo estado ou mesmo com quem já morreu. Tudo isso sem perder a consciência, o pensamento lógico e o comando sobre seus movimentos, tal qual fazemos durante o dia. Antonio Cesar Perri de Carvalho e Osvaldo Magro Filho, autores de um livro chamado Entre a Matéria e o Espírito (O Clarim, 1990), fizeram uma compilação de relatos sobre personalidades que teriam vivido experiências extra-sensoriais. Um deles teria sido o astrônomo alemão Johannes Kepler (1571-1630), que tentou decifrar o movimento dos planetas numa época em que os telescópios ainda estavam em uma fase inicial. “Todas as observações dos séculos anteriores estabeleciam apenas os movimentos aparentes porque tinham sido feitas de uma plataforma móvel – a própria Terra”, conta seu biógrafo, Robert Strother. “Kepler superou isso transportando-se pela imaginação para fora do sistema, olhando para baixo de um ponto no espaço.” O próprio Kepler narrou em um de seus livros, Somniun, a história de um personagem que viajava em sonhos para a Lua. A descrição da superfície lunar confere com o que, séculos depois, veio a se conhecer de fato.

Sobre o físico Albert Einstein, o criador da Teoria da Relatividade, o livro Entre a Matéria e o Espírito cita simplesmente um trecho de uma biografia do cientista no qual ele revela a um amigo que tinha concebido suas idéias revolucionárias “através de uma visão”.



Sonhos de Jung

O psiquiatra suíço Carl Jung parece ter ido mais além no terreno das experiências raras. Ele escreveu sobre fatos estranhos que teriam ocorrido em sua casa – como móveis que se partiam sozinhos sem motivo aparente. O criador da psicologia analítica escreveu também sobre sua capacidade de, às vezes, saber de fatos sobre alguém sem que ninguém os tivesse contado. Em 1944, vitimado por um enfarte, descreveu uma visão que alguns consideram uma experiência de projeção astral. “Parecia-me estar muito alto no espaço cósmico. Muito abaixo de mim, vi o globo terrestre banhado de uma maravilhosa luz azul (...) O espetáculo de ver a Terra dessa altura foi a experiência mais feérica e maravilhosa da minha vida.”

Quem diz já ter vivenciado uma experiência desse tipo enfatiza: a lembrança do que acontece é a mesma que se tem de um fato vivido durante o dia, quando se está acordado e de olhos bem abertos. E que essas lembranças nada têm a ver com as de sonhos – por mais reais que estes às vezes pareçam. “As saídas do corpo são estudadas desde a Antigüidade, especialmente no Oriente. Mas era um conhecimento vetado, do campo de cada doutrina”, diz Wagner Borges, escritor, conferencista e pesquisador do assunto. Autor de sete livros e fundador do Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergéticas (IPPB), Borges dá em suas palestras dicas para quem quiser passar pela experiência extracorpórea de forma consciente. Uma das primeiras perguntas que costuma ouvir é: e se o espírito se desprender para sempre? Para Borges, isso é impossível, já que o corpo, enquanto houver vida, manteria uma conexão indestrutível – “um feixe de energia”, como ele descreve – com o espírito.

Borges, de 43 anos, diz já ter passado por várias experiências desse tipo. As primeiras aconteceram aos 15 anos. “Passava um sufoco. Acordava e não conseguia me mexer”, conta, falando de um “sintoma” comum num processo de projeção. “Uma vez tentei me acalmar, me soltei e vi meu corpo deitado.” Esse seria um dos efeitos da projeção: ver a si mesmo no quarto, deitado, dormindo, exatamente como se realmente está. Em outros casos, o que se vêem são cenários desconhecidos e outras pessoas “projetadas”, pessoas e até mesmo animais, diz Borges. O nível de consciência, segundo ele, varia conforme a ocasião.

O contador paulista Fernando Augusto Golfar, de 37 anos, afirma que vive projeções desde os 6 anos. Contava a seus pais episódios vivenciados por parentes já mortos com os quais falava durante as experiências e visões de lugares que lembrava ter visto dias antes de visitá-los com a família. Por via das dúvidas, a mãe o levou algumas vezes a uma benzedeira. As experiências prosseguiram. “Geralmente me vejo em locais de assistência, hospitais, áreas carentes, enterros ou ajudando usuários de drogas”, conta. Assim como Borges, Golfar afirma ter desenvolvido sua mediunidade. Para ele, isso ajuda em suas projeções astrais, mas não é um requisito fundamental.

O médico Zahar concorda. Agnóstico convicto, ele prefere outra explicação. “Acho que há níveis de consciência e de planos de realidade que ainda não conhecemos.” Curioso e interessado por relatos como os dele, o médico criou em 1999 um grupo de discussão na internet sobre o assunto. O fórum conta hoje com 924 participantes.

Noites maldormidas?

Para neurologista, experiências de projeção astral podem ser atribuídas a problemas relacionados ao sono
Para a medicina convencional, as projeções astrais podem ser explicadas meramente como problemas relacionados ao sono. Segundo o neurologista Rubens Reimão, chefe do Grupo de Pesquisas Avançadas de Medicina do Sono do Hospital das Clínicas, o quadro relatado pelos “projetores” pode ser associado ao que os médicos chamam de alucinação hipnagógica (que ocorre ao cair no sono) e paralisia do sono. As alucinações acontecem quando a pessoa entra abruptamente no estágio de REM (rapid eyes movement, ou movimento rápido dos olhos), que é quando acontecem os sonhos. Normalmente, chega-se a essa fase depois de uns 90 minutos de sono. Mas às vezes mergulhamos nela durante um descuidado cochilo.

“Em geral, a pessoa sonha com o lugar e o momento em que está. Se cochila numa sala de aula, é comum sonhar com alguém falando com ela na sala. E o sonho é tão real que, ao despertar, ela não sabe se aquilo aconteceu ou não”, diz Reimão. Segundo ele, qualquer pessoa pode passar por isso, principalmente se não dormiu o suficiente durante a noite. Já na paralisia do sono, a pessoa acorda, mas sente que simplesmente não pode se mexer nem abrir os olhos e parece estar vendo o próprio quarto.

Por: Marcos de Moura e Souza (Super Interessante - Editora Abril)