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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Sempre esquece rostos? A culpa pode não ser da sua memória


A maioria de nós, ocasionalmente, acaba não reconhecendo pessoas que… bem, já conhecemos. Isso geralmente acontece quando encontramos esse alguém em um contexto incomum, como ver um colega de trabalho no supermercado. No entanto, a capacidade de reconhecer outra pessoa pelo seu rosto é algo que a maioria de nós tomamos como certa. Mas como seria se todos os rostos parecessem o mesmo para você?
Como os psicólogos Richard Cook, professor de psicologia da City University London, e Frederica Biotti, doutoranda em psicologia cognitiva e neurociência também da City University London, escrevem no site The Conversation, há um crescente reconhecimento de uma doença chamada prosopagnosia desenvolvimental (cegueira facial). Pessoas com esta condição têm visão normal, mas crescem com severas dificuldades em reconhecer rostos.
Ao contrário de casos de prosopagnosia adquirida – em que as pessoas têm dificuldade em reconhecer rostos mais tarde na vida como resultado de um acidente vascular cerebral, por exemplo – pessoas com prosopagnosia desenvolvimental têm problemas de reconhecimento de rostos ao longo da vida, apesar de não terem lesão cerebral.
Prosopagnosia desenvolvimental é um exemplo de uma condição do neurodesenvolvimento semelhante à dislexia. Assim como as pessoas com dislexia crescem com problemas de leitura de palavras, as pessoas com prosopagnosia desenvolvimental crescem com problemas de leitura de rostos.
Acreditava-se que a prosopagnosia desenvolvimental era extremamente rara, mas, à medida que a consciência pública a respeito da doença aumentava, mais e mais pessoas que sofrem com ela tornaram seus problemas conhecidos pelos pesquisadores. As últimas estimativas sugerem que mais de 1 em 50 pessoas podem experimentar dificuldades de reconhecimento facial graves o suficiente para afetar suas vidas diárias. Infelizmente, algumas pessoas desenvolvem a ansiedade e depressão como resultado das dificuldades sociais que vivenciam.
Prosopagnósicos desenvolvimentais conhecidos incluem o ator Brad Pitt, o cofundador da Apple Steve Wozniak, e o autor e neurologista Oliver Sacks.

Formas de enfrentamento

Prosopagnósicos costumam achar formas alternativas para reconhecer os outros. Por exemplo, muitos aprendem a reconhecer uma pessoa por uma característica facial incomum, voz, corte de cabelo, roupa ou a forma como se movem. Pessoas com a doença, por vezes, esperam que os outros iniciem uma conversa para que possam identificá-los por sua voz. Ambientes onde as pessoas usam roupas semelhantes, como uniformes escolares ou profissionais, podem tornar o reconhecimento mais difícil. Além disso, prosopagnósicos podem deixar de reconhecer uma pessoa se ela muda o seu penteado ou coloca um chapéu.
Na escola, crianças com esta condição podem ter problemas em reconhecer amigos e professores. Como adultos, alguns doentes deliberadamente escolhem carreiras que não exigem contato frequente face-a-face e muitos evitam situações sociais potencialmente desafiadoras.
A doença também pode causar dificuldade em acompanhar filmes e programas de TV devido a problemas para reconhecer personagens em cenas diferentes. Em casos graves, os pacientes podem também achar difícil reconhecer seus parceiros e membros da família.
Muitas vezes, prosopagnósicos crescem culpando a si mesmo, atribuindo suas dificuldades de reconhecimento de face a uma falta de foco ou má memória. Infelizmente, estes tipos de interpretações podem ser reforçados por pais e professores que desconhecem a doença. No entanto, ela não está relacionada com a inteligência geral, atenção ou capacidade ampliada de memorização. Muitas vezes, descobrir sobre sua condição e que não estão sozinhos é um enorme alívio aos doentes.

Raízes genéticas?

Embora as causas da prosopagnosia desenvolvimental não sejam totalmente compreendidas, estudos utilizando novas técnicas de monitoramento por imagem revelaram diferenças cerebrais sutis em pessoas com a doença. Em particular, várias regiões do cérebro conhecidas por desempenhar um papel no reconhecimento de face parecem ser subconectadas em prosopagnósicos desenvolvimentais, possivelmente prejudicando a troca de informações dentro dessa rede.
“A condição provavelmente tem um componente genético. Muitas vezes, aqueles que sofrem com ela têm um irmão ou pai que também têm dificuldade em reconhecer rostos”, explicam os pesquisadores. “Fatores genéticos ou ambientais que fazem uma pessoa desenvolver cegueira facial podem aumentar suas chances de ter outras perturbações do desenvolvimento neurológico. Por exemplo, a prosopagnosia desenvolvimental parece ser mais comum em pessoas com autismo do que na população em geral”.

Novo teste diagnóstico

Até recentemente, os pesquisadores se baseavam em testes de reconhecimento facial baseados em computador para diagnosticar a doença. No entanto, completar testes informatizados pode ser demorado e caro, por isso há interesse em que seja criado um teste que seja fácil de administrar e possa ser usado para verificar um grande número de pessoas.
Cook esteve à frente de um equipe de pesquisadores da City University London que desenvolveu um questionário para ajudar os estudiosos e médicos a identificar as pessoas com prosopagnosia desenvolvimental. O questionário tem 20 declarações com base em experiências comuns relatadas pelos pacientes. Por exemplo: “Quando eu estava na escola, eu tinha problema para reconhecer meus colegas de classe” e “Quando as pessoas mudam seu corte de cabelo ou usam chapéus, tenho problemas em reconhecê-las”.
Os entrevistados indicam o quão bem cada afirmação os descreve em uma escala de cinco pontos, dando uma pontuação total de entre 20 e 100. Quando usado juntamente com testes baseados em computador de capacidade de reconhecimento de rosto, a pontuação no questionário pode ajudar os pesquisadores a desenvolver um perfil de potenciais prosopagnósicos, garantindo um diagnóstico consistente e confiável.
“Estamos apenas começando a entender prosopagnosia desenvolvimental”, apontam os pesquisadores. “A capacidade de examinar um grande número de pessoas vai ajudar os pesquisadores a descobrir a verdadeira extensão da doença – algo que tem, até agora, sido baseado em extrapolação e adivinhação”. Ao compreender sua natureza e origem, um dia pode ser possível aliviar os sintomas. Nesse meio tempo, aumentar a conscientização e compreensão a respeito da condição ajuda aqueles para quem reconhecer os outros continua a ser um desafio diário. [Medical XpressThe Conversation]
Hypescience

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

3 especialistas respondem à pergunta: humanos devem ser monogâmicos?

Apaixonar-se por alguém é algo bizarro, já reparou? De uma hora para a outra uma pessoa passa a chamar a sua atenção, você começa a reparar nela de uma forma diferente e comemora secretamente aquilo que descobre ter em comum com ela. De repente, o interesse fica escancarado na forma como você olha para o seu novo afeto, o coração acelera, as borboletas fazem festa no estômago e, se você tiver sorte, talvez tudo isso seja recíproco.
Uma vez que a reciprocidade exista, os envolvidos precisam decidir o que farão. Pode ser algo casual, pode acabar em alguma coisa mais duradoura, pode virar uma grande amizade, assim como pode, inclusive, acabar em casamento.
Casados, os pombinhos dividem uma vida inteira: as alegrias, as tristezas, os problemas do trabalho, as tarefas domésticas, a conta do supermercado, o espaço na cama, o controle remoto e a conta do Netflix. Mas será que essa felicidade vai durar para sempre, como o que foi prometido no altar? Será que os dois continuarão se sentindo atraídos um pelo outro mesmo daqui a 20, 30, 40 anos? E se outra pessoa aparecer? Por que temos tanto medo de que a relação não dure para sempre? Aliás, será que ela tem que durar? Será que fomos feitos nos moldes da monogamia ou esse é um conceito socialmente arquitetado? Seres humanos conseguem ser monogâmicos?

Senta que lá vem História

Você não precisa ser um antropólogo para tentar observar as mudanças de comportamentos sociais ao longo da História. É fácil compreender, por exemplo, que o sexo feito por pessoas da Idade das Pedras era bem diferente do feito atualmente. Do homem primitivo ao moderno, infinitas convenções sociais, religiosas e culturais foram implantadas com o passar do tempo, por isso podemos dizer que tudo está em constante mudança, inclusive nossos conceitos sobre relacionamentos amorosos e sexuais.
Para esclarecer alguns aspectos nesse sentido, a galera do site Hopes and Fearsselecionou depoimentos de alguns especialistas no assunto, e o que eles têm a dizer pode ser muito interessante para você.
Para o escritor Christopher Ryan, a espécie humana claramente não evoluiu para se tornar monogâmica. Ele fundamenta sua afirmação na premissa de que mamíferos em geral não têm a tendência de praticarem sexo sem a intenção de reproduzir. A exceção à regra? Humanos, é claro.
Ryan explica que seres humanos fazem sexo a todo o momento, mesmo quando a mulher não está ovulando e, inclusive, quando a mulher não está presente no ato sexual. “Isso não é típico dos mamíferos. Nossos corpos, nossas fantasias e o fato de termos tantas normas rígidas sobre o comportamento sexual indicam a profundidade da nossa paixão pela novidade”.
Falando em novidade, o autor nos lembra que novidade é um indicativo de inteligência quando relacionada à música, viagem, alimentação, arte e tantos outros aspectos. Por quê, então, questiona ele, não deveríamos ser atraídos pelas novidades no que diz respeito às relações sexuais? “Algumas culturas exigem a monogamia sexual, mas precisam recorrer a castigos horríveis para reforçar essas leis brutais e anti-humanas – um claro indicativo do quão forte é o nosso apetite sexual”, defende.
A escritora e professora de História e Estudos Familiares Stephanie Coontz diz não acreditar que seres humanos devem ser monogâmicos ou poligâmicos. “Nós temos impulsos nas direções de ambos, e como lidamos com esses impulsos depende de nossas configurações sociais, tradições culturais, valores pessoais e técnicas individuais de resolução de problemas”, explica ela.
Coontz fala que, em algumas sociedades, homens mais ricos e mais poderosos têm várias esposas, enquanto, em outras, mulheres podem se casar com mais de um homem. Em algumas, o relacionamento extraconjugal é visto sem muita importância, mesmo com o casamento sendo um acordo entre duas pessoas.
Além de tudo, há costumes ainda mais variados quando o assunto envolve sexo, casamento e relações amorosas. Na cultura dos Bari, na Venezuela, se um homem faz sexo com uma mulher grávida, ainda que não seja o pai biológico do bebê, ele passa a ser responsável pela criação dele, como se fosse um “segundo pai”, e é obrigado a cumprir contratos sociais com a criança por toda a vida. Ainda que a medida seja drástica e estranha, por lá as crianças filhas de mães que dormiram com mais de um homem durante a gestação têm uma vida bem mais cheia de mimos. Curioso, não?
Em algumas sociedades, a monogamia é imposta apenas às mulheres, enquanto homens podem ter amantes e outras esposas. Coontz também analisa a monogamia imposta como falha ao comentar a epidemia de doenças venéreas no final do século XIX, quando os homens europeus e americanos tinham relações frequentes com prostitutas e acabavam transmitindo doenças a suas esposas.
Analisando a questão pelo ponto de vista cronológico, Coontz acredita que o modelo moderno de relacionamentos amorosos, pelo menos na cultura norte-americana, que é parecida com a nossa nesse sentido, é mais evoluído, afinal as pessoas têm liberdade para questionar seus relacionamentos e, inclusive, propor modelos diferentes, como é o caso do poliamor.
Já Elisabeth Sheff, Ph.D. e consultora educacional em assuntos ligados a sexo e gênero, afirma que a monogamia não é natural simplesmente por não ser algo fácil para ninguém. Ela diz que coisas naturais, como a respiração e o piscar de olhos, não precisam de tantas restrições sociais para que continuem existindo.
“O fato de as culturas ao redor do mundo e ao longo da História terem criado centenas de milhares de protocolos e punições para patrulhar e reforçar a exclusividade sexual (especialmente para as mulheres) indica que isso [a monogamia] é socialmente construído e não alguma coisa que os humanos farão ‘naturalmente’ sem intervenções externas”, resume.
Sheff explica que, se nós, humanos, não tivéssemos essa necessidade de ter experiências sexuais com novos companheiros, as sociedades não teriam que trabalhar tanto para que as pessoas fizessem sexo com apenas o seu parceiro fixo.

A infidelidade em números

  • 41% dos homens heterossexuais já cogitaram trair suas parceiras;
  • 28% das mulheres heterossexuais já tiveram a mesma ideia;
  • 39% dos homens afirmam nunca terem pensado em trair suas esposas;
  • 54% das mulheres afirmam o mesmo;
  • 21% dos homens admitem que já traíram;
  • 19% das mulheres admitem também;
  • 88% das pessoas acreditam que pessoas casadas e que têm um relacionamento extraconjugal são moralmente erradas;
  • 3% acreditam que relacionamentos extraconjugais são moralmente aceitáveis;
  • 7% acreditam que isso não tem a ver com moral;
  • Entre os mamíferos, apenas 5% das espécies têm comportamentos monogâmicos.

As 5 principais razões pelas quais as pessoas traem:

  • Elas se sentem lisonjeadas com a atenção que recebem;
  • Não têm uma boa base emocional em seus relacionamentos;
  • Estão insatisfeitas com suas vidas sexuais;
  • Gostam do perigo;
  • Não conseguem se comprometer com um parceiro.
Fonte: Fatos Desconhecidos.